Toda
vez que tenho oportunidade de dar aula para o primeiro semestre do curso de
Gastronomia, pergunto aos alunos por quê escolheram este curso. Independente
das fantasias, sonhos e desejos de cada um (que são válidos, claro), SEMPRE a
resposta está relacionada a algum vínculo afetivo familiar.
Por
outro lado, ao longo dos quatro semestres que se seguem o curso (ou mais, dependendo
da instituição), o conteúdo programático desenvolvido refere-se a técnicas de
preparo de diversos ingredientes, regionalidades gastronômicas, nutrição,
gestão... mas nunca se aborda os vínculos afetivos e as motivações internas dos
alunos.
Lógico,
não é possível tornar-se um grande Chef sem saber cozinhar, no mínimo, bem. Da
mesma forma que as pesquisas relacionadas a carreira de Chefs – que destaca
características de liderança e empreendedorismo como pontos chaves de
personalidade para seu desenvolvimento profissional - não explicita que dominar
as técnicas de preparo de alimentos seja um pré- requisito. Competência técnica
e comportamental tem sua importância sim.
Porém,
o que se observou ao longo de todo este período desde o crescimento dos cursos
de Gastronomia é que um número muito reduzido de egressos conseguiram se
integrar ao mercado de trabalho. E esse sim, é um fato que precisa ser
analisado além da postura comercial de diplomas, do glamour dos uniformes e da
ostentação de utensílios de griffe.
São
justamente as estruturas internas (motivação e afetos) que precisam ser
fortalecidas para que os alunos, quando se relacionarem com a realidade do
mercado profissional, possam não só ingressar, mas também permanecer e
principalmente, poderem desenvolver-se.
Enquanto
profissionais qualificados para oferecer este suporte psicológico aos alunos
não forem envolvidos ao longo do processo de formação acadêmica, é provável que
os índices de desistência permaneçam inalterados.